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O Deus que nos acolhe

O profeta Isaías falou ao seu povo, nos seus dias: “Mas agora, assim diz o Senhor que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu.” (Is 43.1) As palavras que se seguem são um ânimo para o espírito abatido, para a pessoa deprimida, para a alma ameaçada por perigos internos e externos. São um verdadeiro alento.

Mas o profeta não apenas cura as feridas daqueles(as) que querem ouvir as palavras do seu Deus. Ele chama a todos para sua vocação original: trabalhar lado a lado com o Criador. Se, originalmente, era um esforço para criar a partir de um mundo perfeito uma sociedade perfeita (onde a tecnologia e o conhecimento serviriam a este projeto, e não o contrário), neste mundo caído é um convite para manter o universo pecador funcionando até o dia de sua restauração.

Como? Sendo agentes conscientes e eficazes do que a teologia chama de “graça comum”. Todos os eventos, sejam físicos, psicológicos, espirituais, sociológicos ou quaisquer outros que mantém a bondade de Deus presente ao redor e no interior de cada um, mesmo que em situações desesperadoras como desastres, doenças e nossos presídios. Fazendo, por exemplo, o que Nosso Senhor ensina em Mt 25.

A resposta correta ao fato de sermos acolhidos por Deus não é um descanso nos Seus braços, mas mão na enxada onde Ele escolheu para estarmos. É não enterrar o talento, o dom, a capacidade que Deus concede a cada pessoa, mas fazê-lo render frutos ao seu máximo. Ele nos coloca nos nossos trabalhos, nos nossos lares, nas nossas famílias, nos nossos condomínios e bairros; não há lugar onde não possamos ser um canal das Suas bênçãos às pessoas, eleitas ou não (pouco importa), segundo nossas capacidades, respeitando nossas limitações atualmente intransponíveis.

Não sejamos surdos à Sua voz no nosso interior, descrentes sobre nosso real potencial, pouco criativos frente aos desafios, mas nos esforcemos, conscientemente, para retribuir, em amor ao nosso próximo, seja este quem for, o acolhimento que Ele nos dá.

Presbítero Eduardo R. Mundim

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