No início de 1957 a Segunda Igreja Presbiteriana passava por momentos de grande entusiasmo e clamava a falta de um coral que abrilhantasse os cultos.
Foi então que o diácono Sr. Jairo Silva (irmão de Bebel Silva, uma das atuais pianista/organista do coral) reuniu alguns membros e começaram a cantar, mas logo, em função de suas atividades profissionais foi transferido e o grupo paralisou os ensaios.
Então, Innay Martins, uma jovem de 22 anos aceitou o desafio de criar em definitivo um coral sob sua regência.
Ela teve como um de seus maiores incentivadores, seu pai, o Presbítero Francisco Martins da Silva e sua mãe Dona Alécia Costa Martins que juntamente com o seu irmão Adair, participaram da primeira apresentação.
Innay era cantora lírica do “Coral Evangélico de Belo Horizonte”, fazia apresentações na extinta TV Itacolomi e participava de programas de rádio – ao vivo, que a Segunda Igreja fazia.
Aproveitando essa familiaridade com o canto convocou a igreja e conseguiu reunir alguns membros e realizou a primeira apresentação no dia 06/05/1957, com apenas um ensaio na véspera, com duração de mais de 3 horas. Apesar do cansaço e da grande expectativa a apresentação inaugural aconteceu e a primeira música cantada foi: “Sossegai!” (Hinário Evangélico – nº 342).
Sempre com muito esforço e dedicação o grupo ensaiava duas vezes por semana, estudavam e liam as partituras que eram “desenhadas a mão” pela própria regente Innay.
Durante quase 4 anos o coral cantou com a “roupa de domingo”, sem batas e sem uniformes e para confeccionar as primeiras batas houve uma campanha especial de donativos para a compra dos tecidos (“alpaca” azul e branca). As mulheres do coral e as das SAF ajudaram a bordar uma “sarça ardente” – um dos símbolos do presbiterianismo. Irenny Martins, irmã da Innay, virou várias noites neste trabalho.
O culto de inauguração das batas serviu para arrecadar ofertas para o término da construção do templo. Sem contar uma apresentação de “edição especial” feita no Instituto de Educação com vendas de ingresso, quando foram cantadas músicas folclóricas brasileiras e uma coletânea de músicas infantis.
Na época de Natal, o coral fazia apresentações em praças públicas, hospitais, penitenciárias de mulheres, sempre levando emoção com a divulgação da Palavra de Deus. Acreditem… cantaram até no Palácio do Governo.
Innay Martins foi regente até meados de 1962 quando se afastou por problemas de saúde. Veio a falecer em 04/03/64.
O nome “Innay Martins” para o coral foi uma homenagem póstuma feita pela igreja à pessoa que se dedicou com muito carinho a um grande desafio.
Durante sua enfermidade, o coral foi regido por Dona Eni Nascimento (esposa do pastor Rev. Lemuel Nascimento).
Durante muitos anos o coral teve acompanhamento apenas de um órgão “de fole”; piano, guitarra e violão não eram permitidos pelo Conselho da Igreja.
Algumas curiosidades:
• no sepultamento de Innay Martins, sua irmã Irenny, com apenas 15 anos, regeu o coral na música “Louvor ao Trino Deus” (Hinário Evangélico – nº 104).;
• em 1960, durante uma apresentação em praça pública na cidade de Pains, o coral foi apedrejado por manifestantes contra a religião;
• com o fechamento da Igreja por intervenção política em meados de 1964, o coral passou a ensaiar na Capela do Isabela Hendrix;
• houve uma época em que o coral se apresentava na galeria, diziam que o coral não precisava ser visto e sim apenas ouvido;
• sempre foram mulheres as pianistas/organistas;
• houve apenas uma única interrupção nestes 60 anos, de 2 meses, por ocasião do falecimento da Innay Maritns.
As organistas e pianistas que participaram dos ensaios e das apresentações ao longo desse tempo, foram Dona Lucinda (pioneira), Irenny Martins, Miriam Quinan, Denize Bastos, Lara Tanaka, Idair Tanaka, Bebel Silva e Helenice Moreira, todas com muito esforço e dedicação.
Foram regentes do coral: Innay Martins (fundadora), Eni Figueira (ex-esposa do Rev. Lemuel Nascimento), Jairo Silva, Sr. Machado, Irenny Martins, Bebel Silva, Vera Sarrasol, Neuzania, Roberto (esposo de Neuzania), Toshiyuki Tanaka, Idair Tanaka, Marilene Klein e Débora Andrade.
Atualmente o coral é regido por Robson Lopes, cantor do Coral Lírico do Palácio das Artes.
A todos que fizeram e fazem parte dessa história só temos a agradecer a Deus, por esses sessenta anos.
Texto teve colaborações importantes de:
Irenny Martins, Jovenil Soares, Idair Tanaka, Denize Bastos, Bebel Silva e Helenice Moreira.28