Racismo não é um assunto fácil, principalmente quando falamos de nós mesmos. É fácil quando o apontamos no olho do outro, no país do outro, no sistema social do outro, nas atitudes do outro.
Racismo não é um assunto fácil porque o significado da palavra parece que se perde com o seu uso frequente. Fica preso somente a algumas histórias, e deixa nossa realidade concreta.
Há vários conceitos. Talvez o comum a todos seja o conceito de que determinada pessoa é sempre superior ou inferior, independentemente de qualquer outro fator, do que outra exclusivamente por conta da cor da sua pele, do formato do seu rosto, do grupo étnico a que pertence. Os aspectos positivos e negativos de cada um não são levados em conta: importa apenas as características do grupo ao qual pertence. No mundo ocidental, os países europeus viam os africanos (de pele negra ou não) como inferiores do ponto de vista moral, cultural, civilizatório. Africanos e europeus eram considerados, de forma inquestionável, “por decisão divina”, grupos de pessoas de modo algum com igual valor. Mas não somente os africanos. Foi necessária uma bula papal para que os habitantes originais do continente americano, que chamamos índios, fossem considerados seres humanos. O povo comum os consideravam “macacos com voz” e não seres humanos (o filme “A Missão” tem uma cena significativa neste ponto).
Racismo não é uma ideia de brancos. É uma ideia humana, presente em praticamente todas as sociedades. Ela mira aquele grupo que é útil ser tratado como inferior, por interesses econômicos, políticos, culturais, sexuais ou pessoais. Atire a primeira pedra a sociedade que nunca cometeu este pecado.
Pode a igreja abrigar ideias racistas?
Pode a igreja ter atitudes racistas?
Pode a igreja ter estruturas racistas?
Este é o tema que o Serviço Assistencial Dorcas desafia você a pensar neste mês.