A cristandade celebra, a cada 06 de janeiro, 12 dias após o Natal, a Epifania do Senhor (do grego Ἐπιφάνεια, aparição, manifestação), a manifestação divina, o aparecimento de Deus à humanidade, a manifestação de Deus a todos os povos e a todas as culturas.
Algumas tradições cristãs nomeiam esta festa de “Dia de Reis”, rememorando a manifestação de Jesus aos povos não judeus, representados historicamente pelos magos do oriente que visitam Jesus, o reconhecem como Rei e o presenteiam.
As Escrituras Sagradas narram momentos diversos em que Jesus deu-se a conhecer a diferentes pessoas. Dentre esses momentos destacam-se três. O primeiro é o descrito acima, na ocasião da visita dos magos orientais ao menino Cristo Rei (Mt 2.1-12); o segundo momento é conhecido como a Epifania à João Batista, que se dá quando Jesus se revela a todos presentes na ocasião de seu batismo no rio Jordão; e o terceiro é a Epifania à seus discípulos, descrita em um resumo de sua atuação salvífica e transformadora no relato da transformação da água em vinho em Caná da Galileia, momento conhecido como o início de sua vida pública e ministério terreno.
O propósito de Deus é manifestar-se aos judeus e à todos os outros povos. É fazer-se conhecido à toda a humanidade representada pelos magos, pelos presentes no batismo de Jesus, pelos pastores de ovelhas que estavam nos campos e viram anjos e ouviram: “Não tenham medo! Estou aqui a fim de trazer uma boa notícia pra vocês, e ela será motivo de grande alegria também pra todo o povo! Hoje mesmo, na cidade de Davi, nasceu o Salvador — o Messias, o Senhor!” (Lc. 2.10,11).
Diante desses momentos nos resta aprender com os estrangeiros, povos não judeus, com os diferentes e excluídos da aliança judaica, que adoraram verdadeiramente a Jesus. Não nos interessa o valor dos presentes, mas a ação legítima de se movimentarem, de responderem ao chamado da estrela e irem ao encontro daquele que os chamou e, diante d’Ele se derramarem em adoração e reconhecimento. Aprendamos também ouvindo o eco da voz de Deus Pai que atravessa dois milênios e ainda é ouvida por nós, mesmo entre tantos ruídos contemporâneos, podemos ouvir: “Este Jesus é meu Filho muito amado, em quem tenho muito prazer” (Mt 3.13-17), diz hoje, o Senhor. E finalmente, de entre talhas duras de pedra, de entre uma lei impossível de ser observada, surge o delicioso vinho da graça, maravilhosa graça que traz transformação a toda a criação, da água surge abundante e excelente vinho, da frieza da pedra surge a entorpecente alegria da salvação, o milagre acontece!
Celebremos hoje, na epifania, aquele que veio para nos redimir, para nos resgatar das alienações contemporâneas, celebremos a salvação e o perdão à toda a humanidade.
Celebremos a graça imerecida da misericórdia d’Aquele que nos salva de nós mesmos!
Reverendo Jorge Diniz