As Escrituras habitualmente não fornecem respostas completas a diversas questões que podem ser consideradas “periféricas”, de importância não vital para a salvação. E um dos temas que exigem que a resposta seja garimpada nos textos sagrados é a criação. Por exemplo, o que O levou a criar o universo?
Alguns pontos iniciais podem ser considerados fáceis de responder e verificar.
Sendo Deus, Deus, é autossuficiente, e a Si mesmo Se basta. Sendo Triúno, vive em eterna comunidade de Um. Portanto, ao criar o universo, não foi porque dele necessitava de alguma forma. Mesmo quando a Bíblia revela que Ele criou para o louvor da Sua glória (Is 43.7) não foi por uma necessidade de reconhecimento por parte de outro. E tão pouco por uma necessidade profunda e oculta a Si mesmo.
O apóstolo João define o Criador com três palavras (em português) simples: “Deus é amor” (I Jo 4.16). Portanto, qualquer atitude por parte d’Ele obrigatoriamente é amorosa. E a criação é um ato de amor, algo que é dado sem nada esperar em troca, algo que acontece por ser da própria natureza d’Ele: Se dar.
Basta observar os relatos da criação nos capítulos 1 e 2 de Gênesis. Ele avalia ao final do seu processo criador que “tudo era bom”. E chama o ser humano, na pessoa do primeiro casal, a compartilhar o processo criativo com Ele. Afinal, dar nome aos animais não é criar? Cuidar não é definir o que deve ser feito (outro ato criativo) para preservar sua beleza e guardar não é saber distinguir a ameaça da não ameaça? E quando Ele se ausenta do jardim uma boa parte do dia, e o visita ao seu final, não está deixando o ser humano à vontade para executar seu trabalho, sem ditar as coordenadas detalhadas?