A definição teológica da natureza de Cristo custou 400 anos de elaboração. Três propostas que foram populares em suas épocas foram rechaçadas pelo Concílio, reunido na cidade de Calcedônia. Foram elas:
a) Jesus teria um corpo humano, mas não uma mente e um espírito humano. Estes seriam procedentes de Deus;
b) Jesus seria “dois em um”: as duas naturezas, separadas, habitariam um único corpo;
c) Jesus seria o resultado da mistura das duas naturezas, a divina e a humana.
As Escrituras não fornecem bases para nenhum dos três posicionamentos. Para salvar-nos, Cristo tem que ser homem e Deus; em nenhum momento há afirmativa d’Ele de ser “dois em um”, ou algum ensino apostólico ao longo do Novo Testamento neste sentido; e se era o resultado de uma mistura, tornava-se um ser “híbrido”, inexistente, nem Deus, nem humano.
O concílio redigiu a seguinte declaração, aceita por todos os três grandes ramos cristãos (católicos romanos, católicos ortodoxos e protestantes): “Fiéis aos santos Pais, todos nós, perfeitamente unânimes, ensinamos que se deve confessar um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, e perfeito quanto à humanidade; verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, constando de alma racional e de corpo, consubstancial com o Pai, segundo a divindade, e consubstancial a nós, segundo a humanidade; em tudo semelhante a nós, excetuando o pecado; gerado segundo a divindade pelo Pai antes de todos os séculos, e nestes últimos dias, segundo a humanidade, por nós e para nossa salvação, nascido da Virgem Maria, mãe de Deus; um e só mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas naturezas, inconfundíveis, imutáveis, indivisíveis, inseparáveis; a distinção de naturezas de modo algum é anulada pela união, antes é preservada a propriedade de cada natureza, concorrendo para formar uma só pessoa e em uma subsistência; não separado nem dividido em duas pessoas, mas um só e o mesmo Filho, o Unigênito, Verbo de Deus, o Senhor Jesus Cristo, conforme os profetas desde o princípio acerca dele testemunharam, e o mesmo Senhor Jesus nos ensinou, e o Credo dos santos Pais nos transmitiu.”