Até ser batizado por João, no rio Jordão, a existência de Jesus foi anônima. Nada O distinguia dos milhares de hebreus de sua época. Apenas o evento no templo, nos seus doze anos, chamou a atenção de algumas pessoas – e, ao que tudo indica, caiu no esquecimento até o seu registro no Evangelho.
Esse aspecto ordinário, comum, da vida de Jesus é visto de muitas formas. Seu ensino fazia um contraste tão grande com o que sobre Ele era conhecido, que todos ficaram escandalizados “De onde lhe vêm esta sabedoria e estes poderes milagrosos? Não é este o filho do carpinteiro? O nome de sua mãe não é Maria, e não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? Não estão conosco todas as suas irmãs? De onde, pois, ele obteve todas essas coisas?” (Mt 13.54-56) João é explícito ao informar que “nem seus irmãos criam nEle” (Jo 7.5)
Esse detalhe faz muita diferença. Demonstra como Deus foi capaz de se tornar a nossa semelhança de tal forma que passou incógnito. Sugere uma veracidade que desafia a lógica: ver Deus através de um homem comum, como qualquer outro. A diferença era notada, para alguns poucos, quando Ele abria a boca e ensinava, curava, consolava. É o milagre que necessita ser reconhecido para que o caminho da salvação seja aberto: Deus se faz homem, habita entre nós. E é sacrificado pelo nosso pecado.
E o profeta Isaías anteviu esta característica de “pessoa comum”: não seria belo, nem teria aquela majestade intrínseca que atrairia as pessoas a Si; a aparência, nada de anormal, comum a ponto de passar desapercebida; receberia dos outros desprezo, rejeição, dores, falta de estima e amor – por fim, opressão e tortura. (Is 53).