Em diversos momentos os evangelistas apontam que Jesus foi “gente como a gente”. Nasceu de parto normal (parece que sem parteira), aos 9 meses de idade intrauterina; cresceu como qualquer criança crescia; experimentou fome habitual do dia a dia, e fome após longos períodos de jejum; cansava-se fisicamente; tinha sede; ficou tão enfraquecido com a tortura pré-crucificação que foi necessário o auxílio de uma outra pessoa para transportar o madeiro até o gólgota.
E a ressurreição não elimina algumas características humanas. Após ela, comeu e bebeu com seus discípulos; permanecia com as marcas (cicatrizes?) nos pés e mãos, de modo que todos puderam conferir não ser Ele um fantasma ou espírito, mas pessoa em carne e osso. Não há relatos de cansaço, e há passagens que sugerem habilidades fora do habitual para os corpos humanos (como se apresentar aos discípulos se pondo entre eles “do nada”, com a porta da casa fechada).
Para a fé cristã, a perfeita humanidade de Jesus é essencial. Para que pudesse ser nosso substituto na cruz, era necessário que em tudo fosse humano – e isto inclui Seu corpo físico. Mas não é somente na soteriologia (estudo da salvação) que este tópico traz revelações importantes. Também na escatologia (estudo dos eventos que ainda hão de vir, nos momentos escolhidos exclusivamente por Deus Pai) o orgânico de Jesus revela o que está oculto. Sua ressurreição é a garantia da ressurreição de todos. A morte é vencida quando Ele ressurge em corpo e alma, e em corpo e alma é elevado aos céus. E esta é uma informação que separa a fé cristã de diversas outras: a humanidade é constituída, permanentemente, por corpo e alma (segundo outro ponto de vista, também com embasamento bíblico, corpo, alma e espírito), neste mundo em que vivemos, e no mundo em que viveremos, em comunhão ou não com Ele.