O apóstolo João, em sua primeira carta, conversando com pessoas que reconhece, junto com ele, serem filhas de Deus, ensina que “se dissermos que não temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós.” E esta consciência de pecado não deve ser razão para o desespero perante as suas consequências espirituais, pois: “se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça. ”
O pecado que a pessoa cristã comete, ato corriqueiro, não cancela sua salvação: a morte de Cristo na cruz, com suas consequências assumidas pelo cristão pela fé, é suficiente para toda a soma de pecados passados, presentes e futuros de todos. Em termos teológicos se diz que a justificação não é afetada pelo pecado do cristão. Também nossa filiação, enquanto filhos e filhas adotivos de Deus, não muda.
Mas há consequências relacionais do pecado. Nas relações com o outro, nas relações com Deus. Se o pecado foi cometido contra o próximo, a comunhão está abalada, pode trazer dores e feridas que necessitam serem diagnosticadas e tratadas. Se o pecado não envolver diretamente o próximo, a relação do cristão com ele mesmo é que está abalada, é que necessita de diagnóstico e cura. E em todas elas, a relação com o Pai está manchada. A não confissão de um pecado cometido prejudica nosso aperfeiçoamento espiritual (em termos teológicos, nossa santificação), pode ser um tropeço na nossa ação no mundo, tanto no que diz respeito à graça especial (evangelização) quanto à graça comum (ação social), pode causar ruptura na comunhão com o próximo ou com toda a comunidade de fé.