Estamos na reta final do nosso calendário litúrgico de 2017, o tempo comum se finda, tempo em que somos desafiados à vivência do evangelho cotidianamente; daqui à pouco seremos também desafiados a expressar gratidão no nosso tradicional Culto de Ação de Graças. Mas antes da importante reflexão sobre a gratidão, proponho outra, a da percepção de que, infelizmente estamos inseridos em um tempo dominado por uma tendência muito forte em ressaltar aquilo que é negativo. As notícias que mais chamam atenção são as catástrofes e os desastres. Os programas de televisão que atingem audiências mais altas são os que mostram os absurdos e as crueldades no mundo. Infelizmente o nosso enfoque é sempre para o negativo, para a desesperança e para o desalento.
Paulo, o apóstolo, escrevendo aos Filipenses (3.13-14), nos exorta a sermos pessoas que olhem para frente, que prossigam para o alvo, que continuem firmes, e que ressaltem o aspecto positivo da existência, independentes das circunstâncias. Um grande desafio, considerando que estamos imersos em uma cultura da negatividade e da supervalorização da dor e do sofrimento. O desafio aqui é o aprendizado do otimismo, da confiança de que não estamos sós, da certeza de que eventos bons e ruins fazem parte da vida e que Deus é conosco em todos eles; da caminhada regada pela fé e pela esperança, independente dos acontecimentos; fé e esperança que não podem estar presentes apenas em nossas palavras, elas devem ser explícitas em nossas ações.
Tudo o que é vivenciado, é significativo; diz a pedagoga mineira Juliane Gomes, e seguindo os versos do cantor e compositor Guilherme Arantes, bem interpretados pela saudosa Elis Regina, estamos “vivendo e aprendendo a jogar, nem sempre ganhando, nem sempre perdendo, mas aprendendo a jogar.”
O profeta Jeremias chega à conclusão que, diante das adversidades da vida, devemos trazer à memória aquilo que pode dar esperança (Lm 3.21), mais um desafio, rememorar! Quando estamos sem forças, em meio a muitas tribulações, lutas e problemas, desafiados somos a nos empenhar em rememorar o positivo, aquilo que produzirá esperança e fé em nossos corações e transformará nossas ações. O medo e o pessimismo não podem nos paralisar, muito menos a murmuração e a reclamação. A vida deve ser construída sobre o alicerce da esperança e da fé, na confiança em Deus que é amor-solidariedade e que intervém na história da cada ser humano.
Trazer à memória quem Deus é, o que Ele fez, o que Ele disse e prometeu, o que Ele ensinou, tudo isso dá esperança e renova nossa fé. Devemos banir os pensamentos e as ações da desesperança; aquilo que não edifica e nem promove a vida; a pouca fé, a murmuração, a reclamação, a preguiça, a desmotivação e o desespero.
Minha esperança é que atendamos bem os desafios nossos de cada dia através de uma vida de devoção, do conhecimento de Deus pela oração, da prática do bom trabalho e da certeza de que somos guardados por uma paz que excede todo o entendimento e compreensão humana (Fl 4.7).
Reverendo Jorge Diniz