Encontra-se registrado no capítulo 19 do primeiro livro dos Reis de Israel um dos momentos mais difíceis atravessado pelo profeta Elias: Ele foi jurado de morte por Jezabel, o medo e o desespero o tomaram. O curioso é que momentos antes, no capítulo 18, Elias desfrutara da vitória sobre os profetas de Baal, uma vitória marcada por uma epifania estrondosa com sinais de fogo e chuva na manifestação de Deus no meio do povo.
Parece-me que o cansaço tomou Elias e sua humanidade ficou sob pressão. Elias foi para o deserto, e, visitado por um anjo provedor, é alimentado para uma longa jornada, 40 dias e 40 noites até o monte de Deus, lá, no meio de seu esgotamento e hibernação (v.5), ele percebeu a presença de Deus em uma leve brisa e soube do livramento do Senhor.
Deus surpreendeu Elias durante sua fuga de uma mulher, nos dias de sua aflição, de muitas dúvidas, de acontecimentos que ele não esperava, em meio as suas frustrações.
Observando Elias neste momento penso na frustração inicial que tomou as almas dos discípulos e discípulas de Jesus diante da crucificação, como Elias, todos foram decepcionados e, no meio da dor da perda de seu Mestre, da desilusão de um ideal, de uma esperança que fora completamente destruída; o Cristo Ressurreto aparece e muda a história.
De certa forma Deus estava ensinando Elias e ensinando também os discípulos de Jesus, todos tinham algo a aprender. Suavemente, como que em uma brisa, a aliança ressurge e a esperança novamente se estabelece.
Paulo, o apóstolo, escreve aos coríntios (II Co 1.3) que “Deus nos consola no meio da tribulação”, e, do meio dela saímos com algo precioso: o poder de consolar a outros. O fruto real e transformador é gerado no meio da tribulação.
Paulo continua, o sofrimento de Jesus gera consolo para nós e nosso sofrimento gera consolo para outros (v. 5). É com nossa vivência, com o sustento que desfrutamos em meio as nossas aflições inerentes à existência humana que somos capacitados a sustentar e consolar outros.
Quando nossa humanidade fica sob pressão esperamos uma ação estrondosa de Deus, um Deus que se revela “com fogo, com chuvas, com terremotos, com ventos fortes”, de alguma forma imediata e libertadora; mas Deus não age da forma que pensamos ou desejamos; Deus se mostra num “cicio tranquilo e suave” (I Reis 19.12), de forma surpreendente e gera muito mais esperança e livramento do que esperávamos anteriormente.
A pressão faz parte da vida e da existência, mas, sempre depois da cruz há ressurreição. As situações de pressão, frustrações, angústias, dores, perdas e decepções não são resolvidas da forma que arquitetamos ou desejamos, basta-nos um olhar para Jesus que a vida se refaz e seremos surpreendidos com seus cuidados!
Reverendo Jorge Diniz