Hoje é um domingo de festa e quero partilhar com meus irmãos no Caminho, em Cristo, a alegria de receber nos braços a pequena Letícia, nesta manhã, como afilhada e, além de partilhar alegria, convido ao aprendizado intrínseco neste momento. Hoje, aprendamos com Letícia, que fala muito alto a todos nós e nos ensina muito sobre a vida.
O batismo é o sinal externo da aliança de Deus com seu povo, aliança firmada em Abraão (Gn 17.9-14) e ratificada outras tantas vezes no decorrer das Escrituras (Ex 2.24; Lv 26.42; 2 Rs 13.23; 1 cr 16.16; Sl 105.6, Rm 4.16-18; 2 Co 6.16-18; Gl 3.8-14; Hb 8.10). Na carta de Paulo aos Gálatas esta aliança é descrita como “o evangelho” pregado a Abraão (Gl 3.8). Aliança que, no Novo Testamento, toma uma dimensão muito maior, o batismo com água substitui a circuncisão no corpo e proporciona dignidade a todos e todas de igual modo, independente do gênero. A aliança com Abraão foi para uma nação, uma família; exatamente o que somos pela graça – um povo, uma família (1 Pe 1.9).
Recebendo o sinal desta aliança nesta manhã, Letícia nos ensina fundamentos importantíssimos para nossa caminhada cristã. O primeiro deles é que Deus é um Deus que faz alianças perpetuas com aqueles a quem ele ama indiscriminadamente, e não somente com indivíduos adultos; mas com famílias, com um povo. Todas as pessoas que ent27ram em aliança com Deus recebem o selo desta aliança, inclusive nossas crianças. O mediador da aliança é o mesmo – Jesus; a base é também a mesma – a Graça divina. Como seria possível negar este privilégio, com base na graça, aos nossos pequeninos a quem tanto amamos?
Letícia também nos ensina a respeito da interdependência que sustenta, através das relações, a vida. Somos convocados pelo ato do batismo de Letícia a repensarmos o modo com que temos cuidado daqueles que trilham parte da jornada da existência ao nosso lado. Letícia depende completamente das relações, das pessoas que estão ao seu lado. Como criança depende de seus pais e dos que a rodeiam. Ela não se preocupa com absolutamente nada, apenas vivencia, experimenta, recebe afeto, cuidado, carinho, alimento, educação e tudo mais através dos que estão ao seu redor. Assim acontece conosco e precisamos, além de cuidar bem dos que nos rodeiam, ser gratos por todos os que são instrumentos de Deus gerando vida em nós em cada encontro.
Por fim, Letícia nos diz para sermos totalmente dependentes da graça divina. A base é a fé em Cristo, e não em nós mesmos. Uma fé que sustenta todas as promessas de Deus e alianças feitas aos nossos primeiros pais. Ela, mesmo pequena e sem se comunicar com a eficácia de um adulto, diz claramente para confiarmos em Deus e entregarmos, de todo o nosso coração, nossas vidas e as de nossos filhos, nas mãos do Excelente Cuidador de todo o universo. Que Ele nos abençoe!
Reverendo Jorge Diniz