Na história da igreja parece ser constante uma tensão entre fé e obras, crença correta e relacionamento social correto, evangelismo e ação social. E esta tensão talvez seja um dos maiores pecados que nós, cristãos, cometemos nesses dois mil anos.
Trazer a carta de Tiago às igrejas de sua época para esta discussão não é incomum – e, frequentemente, é argumento esquecido. Deixado de lado porque uma questão (não a única) que o irmão de Jesus coloca diz respeito à salvação: exclusivamente pela graça, não por obras. Mas ele afirma, enfaticamente ao longo do texto, que não existe evidência da graça salvífica quando as obras não aparecem. E este ponto, convenientemente, fica em segundo plano.
Estará o irmão do Senhor isolado neste ensino?
Não vejo razão para pensar assim. Jesus, em seu discurso registrado em Mateus 25, é categórico: os “benditos de meu Pai” são aqueles que viram a necessidade do seu próximo e o socorreram. São benditos não pelas suas obras, mas porque ao serem feitos justos (justificados pela fé), automaticamente passaram a ser tocados pelas dificuldades do próximo (e não do irmão, mas daquele próximo desconhecido e anônimo, com o qual Jesus se identifica).
No sermão da montanha, que o Rev John Stott chama de “contracultura cristã”, feito para os apóstolos, Jesus alerta: não é pelo palavreado bonito e santo (“Senhor, Senhor”), pelos milagres (incluindo expulsão de demônios), ou por belos discursos teológicos (“profetizar em Seu nome”) que Ele reconhece os Seus, mas pelo fato de ver a vontade do Pai realizada.
O Serviço Assistencial Dorcas existe para viabilizar um serviço ao próximo de modo cuidadoso, refletido, buscando evitar atitudes puramente emocionais e, portanto, ineficazes. Ele não existe para fazer as chamadas “obras de misericórdia” no lugar da igreja; é para que a igreja as faça através dele.
Sendo estruturado há décadas, oferece este caminho a todos, cristãos e não-cristãos. Sendo um caminho, não é a única opção que nossa comunidade tem de exercer sua fé. Mas é um caminho a ser estudado. Oração consciente, sustento financeiro, participação na reflexão e no debate públicos e privados, oferta do tempo disponível,…Há uma variedade de possibilidades à disposição de todos.
E no dia de hoje somos especialmente gratos aos voluntários do Centro de Psicologia Márcio Moreira que, ao longo de décadas, têm proporcionado justiça social através do acompanhamento especializado a pessoas que não o conseguiriam se não fosse a doação do tempo de vocês.
Recebam nossa gratidão, nossas orações e nossa parceria.
20Serviço Assistencial Dorcas