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A marca de Cristo em nós – João 20.19-29

Jesus dando últimos conselhos aos discípulos antes de ir para o Getsêmani, recomendou: “No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo”. Aflições, sofrimentos, angústias, tribulações, etc., independente da tradução a Bíblia é clara quanto a esta questão: no mundo existem coisas/pessoas/circunstâncias que nos causam dores, e ser cristão não isenta-nos de sofrer. A orientação de Jesus é simplesmente esta: não permitam que os sofrimentos desanimem vocês.

Na narrativa do Gênesis a escolha de Adão e Eva pela liberdade que exclui Deus das escolhas, o fruto do conhecimento do bem e do mal, observamos que cada um foi punido com um tipo de sofrimento: a Eva foram multiplicados os sofrimentos do parto; a Adão fora acrescentada inúmeras dificuldades com o trabalho na terra. A passagem descreve a entrada do mal e do sofrimento no mundo.

Fato é que “somos entregues à morte todos os dias”. Convivemos num mundo onde há constantes guerras, perseguições, injustiças, ódios, violências e morte. Não há ser vivo adulto que não ainda tenha experimentado alguma situação que o tenha colocado debaixo de certo estado de sofrimento. Como não deixar-se desanimar quando o sofrimento bate a nossa porta?

O Evangelho de João narra que no domingo após o sepultamento de Jesus, os discípulos e discípulas encontravam-se trancados em uma casa. Jesus foi morto e eles temiam que os judeus fizessem o mesmo com eles. Jesus aparece na casa, lhes cumprimenta oferecendo a Shalom e mostra-lhes as mãos e o lado, ambos furados. Tomé, que não estava presente, fica sabendo do aparecimento de Jesus e duvida: “Se eu não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o dedo, e não puser a mão no seu lado, de modo algum acreditarei”, disse. Uma semana depois Jesus reaparece e convida a Tomé a tocar-lhe as feridas. Então, Tomé acredita que o Senhor está diante dele. Jesus diz, então: “Felizes os que não viram e creram”.

Jesus ressuscita e reaparece aos discípulos “provando” que aquele era ele mesmo mostrando-lhes suas feridas. Estas feridas foram adquiridas com enorme sofrimento, o qual Jesus passara nas mãos dos líderes judeus e dos soldados romanos. E é exatamente por estas feridas que ele é reconhecido por seus discípulos. Por que Jesus não ressuscitou sem suas feridas, com seu corpo perfeito de antes? É porque suas feridas simbolizam o sofrimento de toda a humanidade. Através de “suas feridas fomos curados” profetizou Isaías (53.5).

As feridas que nós cristãos carregamos são sinal de fé para os que ainda não viram o Cristo ressurreto. Paulo, certo disso, afirmou que em seu próprio corpo carregava as marcas de Cristo, isto é as cicatrizes dos maus tratos que sofrera por amor de Cristo (Gl 6.16). Este sinal lembra-nos ainda que não sofremos sozinhos, pois Deus se compadeceu de nós e, no Cristo, demonstrou solidariedade ao povo que sofre (Lc 19.41). Nossas feridas contam nossa história de superação face às adversidades que enfrentamos todos os dias. Elas demonstram ainda, que o sofrimento superado é sinal de esperança pelo dia o qual Deus enxugará toda lágrima e “não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor” (Ap 21.4). Deixemos o mundo enxergar o Cristo vivo em nossas cicatrizes!

Licenciado Felipe Costa

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