Caminhamos para a última quinzena da quaresma, temos apenas as próximas duas semanas para finalizar todo o preparo para celebrarmos, no dia 16 de abril, um Domingo Pascal com a devoção devida. Meu convite neste 5º domingo na quaresma é para que observemos uma resposta de Jesus aos seus discípulos, registrada por Mateus, diante de uma pergunta que revela o quanto orgulhosos eles ainda eram. Antes de Mateus registrar esta pergunta, Marcos já havia registrado uma discussão no caminho dos discípulos, sobre quem seria o maior (Mc 9.33-34); Jesus, conhecendo seus corações, perguntou sobre o que eles discutiram no caminho. Eles se calaram, constrangidos. Que amor é esse? Disponibilizado sem que eles merecessem.
No evangelho de Mateus, Jesus responde: “Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus. Portanto, aquele que se humilhar como esta criança, esse é o maior no reino dos céu”. E nós nos perguntamos: O que isto quer dizer? O que Ele realmente queria ensinar?
Não devemos crer que seria apenas uma simples inocência e pureza naturais de uma criança, Jesus dizia muito mais. Ele segura a criança no colo, uma criança no meio “dos grandes”, Jesus atraia “os pequenos”; aparentemente a criança não teve medo; aceitou ser tomado nos braços de Jesus, confiou; sentiu-se perfeitamente à vontade; em uma posição de frente para os discípulos e, ao mesmo tempo podia, bem de perto, olhar os olhos de Jesus.
Jesus convida-os para que se voltem, que se convertam de sua ambição humana, de seu egocentrismo para a graça, do ego para Deus. Que vivam, como aquela criança, a simplicidade, a fraqueza, a obediência, a despretensiosidade, a confiança e principalmente a humildade.
Aquela criança dependia totalmente de um adulto, achava-se justamente na sua condição de incapaz. Assim devemos depender de Deus; como totalmente incapazes, Ele cuida de nós.
Ela também confiava plenamente em seus pais ou em um responsável adulto que cuidava dela. Observemos como uma criança dorme nos braço de um adulto. Ela não se preocupa nem pensa: Será que o pai/mãe vai me segurar direito? Será que ele não vai me deixar cair? A criança simplesmente confia. Assim, quando Jesus diz que devemos ser como crianças, ele quer nos lembrar de que devemos nos entregar totalmente em confiança em seus braços, como nos recomenda o salmista: “Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais ele fará” (Sl 37.5).
Jesus encerra sua resposta dizendo que “quem receber uma criança, tal como esta, em meu nome, a mim me recebe”. Tudo o que recebemos de Jesus devemos disponibilizar aos que nos rodeiam, por mais insignificante que alguém possa parecer diante de nosso orgulho e preconceitos, estamos recebendo e cuidando do próprio Jesus quando recebemos e cuidamos de outros.
Continuemos o preparo de nossos corações para celebrarmos uma Páscoa verdadeira!
Reverendo Jorge Diniz