Neste 3º Domingo na Quaresma conclamo meus irmãos e irmãs a continuarmos preparando o caminho na direção da verdadeira Páscoa. Assim, necessário nos são auto avaliação e autocrítica contínuas; o que este tempo quaresmal nos constrange diuturnamente. Com um olhar sob uma das orações de Asafe, o Salmo 50, percebamos entre o “verdadeiro” e o “falso”. O objeto de avaliação aqui é o coração dos que se dizem adoradores de Deus e o próprio Senhor é quem os distinguem entre nominais ou piedosos. Não existe lugar diante de Deus para a manutenção de uma religião apenas ritualista, falsa, vazia, fingida, hipócrita. O externo do culto deve ser o reflexo da verdade interna do ser humano.
No início do texto a nação de Israel é convocada a fim de comparecer diante do tribunal de Deus (vv. 1-6). Como que em uma grande assembleia o Senhor se pronuncia contrário àqueles que o desagradam (v.7): “Eu testemunharei contra ti”, diz o Senhor. Antes que haja qualquer mal-entendido Deus avisa os réus que o motivo do seu juízo não se deve à natureza, em si, dos sacrifícios que se lhe ofereciam no Templo (v.8): “Eu não te reprovo devido aos teus sacrifícios e aos teus holocaustos”. A pergunta é: se o problema não era o sacrifício em si, tanto nas disposições técnicas como na qualidade dos animais, qual, então, era o motivo da repreensão? Deus responde: a motivação dos ofertantes. Eles participavam dos rituais ditados pelo Senhor, mas seu coração não acolhia nem seus ensinos, nem tampouco o amor por aquele a quem sacrificavam. A religião se tornara apenas nominal e ritualista (vv.16,17): “Mas Deus disse ao ímpio: que vantagem tens em repetir os meus preceitos e em carregar a minha aliança na tua boca, quando tu odeias o ensino e lanças fora as minhas palavras?” Eles sacrificavam ao Senhor, participavam dos rituais da religião e continuavam desonestos e imorais (v.18), maldosos e trapaceiros (v.19), desleais aos seus próprios irmãos (v.20) e menosprezavam a santidade do Senhor (v.21). Uma falsa vida!
Em amor, Deus direciona o caminho da verdadeira vida, neste texto com, pelo menos, três ações (vv. 14, 15 e 23): a primeira, um coração genuíno e grato, “Ofereça sacrifícios de gratidão a Deus”. A segunda, uma fidelidade a Deus, “E mantenha os seus votos para com o Altíssimo” e, por último, uma submissão dependente, “E clame a mim no dia do perigo, eu responderei, você me honrará” ou “você me glorificará”.
Mas como sermos gratos, fiéis e leais a Deus, confiantes e dependentes d’Ele se ainda em nós habita pecado, alienações, corrupção e perversidade? Novamente Deus responde na pessoa do Cristo: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida…” (Jo 14.6). Somente constrangidos pelo Espírito Santo que habita em nós; que nos conduz à companhia do Cristo, o Salvador; que nos leva à uma relação verdadeira e transformadora com o Pai, vivenciaremos gratidão, fidelidade e dependência. Seremos salvos todos os dias e em todas as situações.
Reverendo Jorge Diniz