A Quaresma é o tempo litúrgico quando a cristandade se prepara para celebrar, com a devida devoção, a festa central do Cristianismo: A Páscoa, a ressurreição do Senhor. É um tempo voltado à reflexão e ao arrependimento, tempo que proporciona um constrangimento da humanidade diante do amor da Divindade, tempo que promove transformações, mudanças, amadurecimento, fazendo de cada um de nós seres humanos melhores, mais humanos e mais próximos de Deus, na pessoa de nosso querido Cristo Jesus. Esse tempo faz parte do calendário litúrgico das igrejas cristãs e é momento muito importante para relembrarmos o grande amor de Deus disponibilizado à toda humanidade.
Como determinou o Concílio de Nicéia (325 d.C), a Quaresma dura 40 dias: começa na Quarta-feira de Cinzas e termina no Domingo de Ramos, domingo anterior ao Domingo de Páscoa. A duração da Quaresma se baseia no símbolo do número quatro na Bíblia Sagrada, que representa sofrimento, provações e limitações humanas, na sua integralidade e essência. Rememoramos os 40 dias do dilúvio, os 40 anos de travessia do deserto pelo povo hebreu quando foram resgatados, por Moisés, das mãos de Faraó e os 40 dias do jejum de Jesus quando fora tentado no deserto. A cor litúrgica desse tempo é o roxo, que significa luto e penitência.
Na Quaresma é como se Cristo nos convidasse à mudança de vida, à reflexão a respeito do nosso comportamento para com Deus, para conosco mesmos, para com o próximo e para com toda a criação. Somos convidados a viver a Quaresma como um desafio de nos achegarmos mais à Ele, de resgatarmos a devocionalidade da vida, de nos tornarmos mais próximos de Deus e de assumirmos um compromisso, por gratidão, com Ele. Somos constrangidos à busca da leitura regular das Escrituras Sagradas, à oração com mais vigor, à um Jejum com maior atenção e à prática das boas obras que a bíblia sempre nos orienta. Essas são atitudes cristãs que nos ajudam a parecer um pouco mais com Jesus Cristo, já que, por ação do pecado e de nossas alienações, nos afastamos tanto de Deus e nos corrompemos.
Por isso, a Quaresma é tempo de perdão e de reconciliação. É nesse tempo que aprendemos a conhecer e apreciar um pouco mais a Cruz de Jesus Cristo. Com isto aprendemos também a tomar a nossa própria cruz, com alegria, assumindo nosso papel de discípulos e discípulas do Senhor Jesus em meio à uma sociedade alienada e caótica. Somos convidados à uma experiência intensa, reflexiva e transformadora nesta Quaresma.
Não apenas como mais um tempo qualquer do calendário litúrgico, mas como uma atitude de vida, novos hábitos que nos incorporam ao “mistério Pascal”, trazendo uma meditação a respeito da história da salvação realizada por Deus, em favor da humanidade. Portanto, vivamos intensamente este tempo de preparação, de antecipação, enquanto aguardamos o retorno glorioso e pleno de nosso Senhor e salvador Jesus Cristo.
Reverendo Jorge Diniz