A ação do Espírito Santo é claramente vista no início da vida de Igreja. Ela tem aspectos notáveis, miraculosos, sobrenaturais. A tendência é valorizar estes últimos, e esquecer os primeiros.

A Igreja que nascia sob Sua direção, através de todos os eleitos e eleitas, era, segundo o autor do livro de Atos dos Apóstolos, uma em solidariedade (todos vendiam seus bens e os colocavam para uso da comunidade), uma em religiosidade (reuniam-se sempre no templo para adorar), uma em comunidade (encontravam-se nas casas uns dos outros também como exercício espiritual), uma em inserção na comunidade (eram apreciados pelos que não pertenciam a ela). Era uma Igreja única.

O fato de ser única não apagava (nem apaga hoje) as diferenças que existem entre as pessoas – cada uma contribuía com o todo segundo seus recursos e dons. O apóstolo Paulo lembra aos cristãos que um não podia dizer ao outro “não preciso de você”, da mesma forma como a mão não pode dizer o mesmo à orelha. Todos, através de suas diferenças, são membros de um mesmo corpo. E, sendo membros do mesmo Corpo, cada um contribui com o outro através daquilo que o Cabeça do Corpo, Cristo, distribui através do Seu Espírito: capacidade de evangelizar, de administrar, de cuidar do outro, de ensinar, de aconselhar, de hospedar, de pensamento teológico, de traduzir o pensamento teológico em linguagem acessível a todos, de operar milagres, de discernir a origem dos milagres (por exemplo, não são fatos normais?).

O Espírito também unifica de uma outra forma: puxa e transporta cada cristão, do ponto onde está, para o ponto mais próximo da Pessoa de Jesus Cristo. A cada um, segundo Sua própria decisão, vai substituindo a imoralidade sexual, a impureza, as ações indecentes, a adoração de ídolos, as feitiçarias, as inimizades, as brigas, as ciumeiras, os acessos de raiva, a ambição egoísta, a desunião, as divisões, as invejas, as bebedeiras por amor, alegria, paz, paciência, delicadeza, bondade, fidelidade, humildade e domínio próprio.

A unidade que o Espírito Santo proporciona não é uniformidade de pensamento, de recursos, de visão – é unidade de visão (a vontade do Deus Triúno), de testemunho (evangelização), de atitude (ação social libertadora), de sonho (o Reino, a nova Jerusalém).