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Celebração da liberdade

Celebramos no dia de hoje o quarto domingo de Páscoa. Estamos às vésperas do Pentecostes.  Sete domingos separam as duas festividades do calendário judaico-cristão. Neste período, cristãos de todo mundo celebram a ressurreição de Jesus e, com alegria, preparam seus corações para o Pentecostes.

No Antigo Testamento observamos estas festas sendo prescritas no Código da Aliança, quando Javé deu a Moisés instruções de como o povo deveria proceder em relação a si mesmo, aos povos vizinhos e ao próprio Deus. No capítulo 23 do livro do Êxodo, o Senhor determina a celebração de três festas: Festa dos Pães Ázimos; Festa da Sega; Festa da Colheita.

A primeira é comemorada no “mês de abibe” (março-abril), “porque foi nesse mês que saíste do Egito”. A segunda festa, por sua vez, é celebrada durante sete semanas (ou cinquenta dias, cf. Lv 23.16), é a festa das primícias do trabalho de plantio na terra. A terceira festa, comemorada no final do ano judaico, recebe também o nome de “Festa das Tendas”, pois durante a colheita, os judeus utilizavam cabanas para proteção, lembrando, assim, os acampamentos no deserto do êxodo. Sobre a Festa das Tendas, Levítico diz que ela é importante “para que vossos descendentes saibam que eu fiz os israelitas habitarem cabanas, quando os fiz sair do Egito. Eu sou Javé vosso Deus.” (23.43).

Todas as três festas possuem cunho memorialístico: elas evocam a necessidade de rememorar os feitos do Senhor em prol do povo de Israel. Foi o Senhor Deus, Javé, quem libertou o povo e deu-lhes morada na terra de Canaã. Javé é o libertador e protetor da liberdade que o povo desfruta na terra prometida. Do prólogo dos Dez Mandamentos (Êx 20.2) até a eternidade, a relação entre Deus e seu povo está condicionada pelo caráter libertador de Javé. Segundo o conceito de Liberdade Comunicativa, de Hegel, isso “significa que um não experimenta o outro como limite, mas como condição da possibilidade de sua própria autorrealização”.

Assim como os receptores da primeira Aliança, nós celebramos a Nova Aliança firmada em Cristo Jesus, que disse: “Essa taça é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado por vós”. Celebramos rememorando os significados destas festas judaicas: os pães ázimos simbolizam a purificação (1 Co 5.8); as primícias do trabalho, simbolizam a capacitação dos primeiros enviados por Cristo (At 1.4); as tendas espalhadas no deserto, simbolizam o envio para anunciação, da saída da “casa de servidão”, anunciação das Boas Novas e adesão de muitos à família de Deus (At 1.8).

E nesta anunciação o caráter libertador de Deus deve estar presente nos lábios de quem anuncia. Conforme a carta de Paulo aos Gálatas (5.1), a escravidão política e religiosa não deveria ser permitida onde o reino de Deus se faz presente. “Escravidões” não podem ser permitidas em nossa experiência religiosa com Deus e tampouco em nossa relação com o próximo. Segundo Hegel, apenas assim experimentaremos Deus de maneira que nos realize enquanto filhos d’Ele.

É tempo de Festa! Celebremos nossa libertação por Deus através do Cristo ressurreto!

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