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É Natal! – Isaías 9.1-7

É Natal! Busco em minhas memórias o cheiro da casa de meus avós, cheiro de acolhimento e de amor, de alegria com meus primos, correria, mesa farta, festa, todos reunidos, mãos dadas à meia noite e orações feitas. Sempre foi assim! Privilegiado sou! A maturidade não roubou de mim nem o cheiro, nem as repetidas experiências, mesmo com a ausência física deles. Na noite deste 24 de dezembro as viverei novamente, tenho certeza.

Desde o início deste tão esperado mês, dezembro, lindo mês natalino, tenho convidado muitos para várias reflexões sobre o natal e sua vivência na contemporaneidade. Falamos sobre o perdão concedido à humanidade; sobre conversão e arrependimento; sobre o compromisso da proclamação da chegada de Deus entre nós e por qual motivo Deus vem; falamos também a respeito da alegria pela aproximação de Jesus e hoje, no quarto domingo do Advento, neste ano, noite natalina, nos preparamos para acolher, em nosso interior, o Salvador; encarná-lo mesmo! A noite chegou, a cristandade se reúne para rememorar que Deus, o Eterno Criador, se achega à humanidade. Não como um imperador cheio de riquezas, regalias e serviçais; não como um autoritário, um déspota, um tirano; mas se achega com simplicidade, um bebê de uma família simples, se fazendo um de nós, sofredor, padecendo nossas dores e tentações, com mãos calejadas e pés trincados, sofreu nossas mazelas. Amou a vida. Fez-se homem, humano!

Um breve olhar na direção do que acontece neste mês de celebração do evento mais constrangedor do universo: Deus que nasce entre nós; não nos trará nem alegria e nem acolhimento. Perceberemos desigualdades e injustiças que são tão mais claras em todo último mês dos repetidos anos, décadas e séculos. Mesas fartas e desperdícios para um pequeno grupo, do qual provavelmente a maioria da nossa comunidade de fé faz parte; e mesas vazias, ausência de um teto, de uma cama, de roupas dignas, de alimentação básica, de educação, de saúde e de tantos outros direitos básicos tolhidos de muitos para ostentação de poucos. Angústia toma o meu peito! Constrangimento diante de Deus, que sei, chora…

Como celebrar o natal diante desse quadro? Como não perceber tão dorida exclusão? Só sendo insensível, o que, espero, não se tenha presente entre nós.

Somos desafiados a lutar e vencer a indiferença, não apenas neste período natalino, mas na vida. Partilhar quem somos e o que temos, abrir nossos corações, vidas e nosso bolso na direção do outro. Só partilhando o que recebemos poderemos diminuir a desigualdade e cumprir a missão de Deus de salvação. Recebemos amor, disponibilizamos amor; recebemos perdão, disponibilizamos perdão, recebemos oportunidades, disponibilizamos oportunidades; assim por diante! De graça recebemos, de graça damos!

Um antigo profeta vislumbrou uma terra que estava aflita e que não continuaria na obscuridade; uma sofredora e oprimida Galileia que, no primeiro natal, seria liberta de seus opressores. Um povo que andava em trevas e que fora iluminado, recebera abundante alegria diante da quebra do cetro de seus opressores.

Lembremos hoje que o cheiro de acolhimento e de amor é porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome é: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe da Paz. Este menino, homem, Deus, que em nós encarnado, continua a salvar, a libertar oprimidos, a anular desigualdades e a estabelecer seu reino de justiça, alegria e paz através de nossas ações.

Entremeados na devoção desta noite, no silêncio, na meditação, no perdão, na conversão e no arrependimento; envolvidos e comprometidos com a proclamação da chegada d’Ela entre nós e alegres por Ele estar, sejamos iluminados e preparados para que, na vida cotidiana, o natal se faça em nós, em nosso redor, todos os dias. FELIZ NATAL!

Reverendo Jorge Diniz

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